Médico e sanitarista ucraniano nascido em Ananiev, Ucrânia, que se dedicou de corpo e alma à defesa das populações indígenas brasileiras e ao tratamento de suas doenças adquiridas do homem branco. Filho do casal judeu Salomão e Bertha Nutels, alguns meses antes do seu nascimento, seu pai viajou para a América do Sul, fixando-se no Brasil. Com o advento da Primeira Guerra Mundial, os familiares perderam o contato entre si, que só se restabeleceria depois da guerra (1920). No ano seguinte, a família Nutels desembarcou no Recife, indo residir em Laje do Canhoto, pequena vila no interior de Alagoas,. Lá iniciou seus estudos básicos, donde se transferiu para um colégio católico em Garanhuns, formou-se pela Faculdade de Medicina do Recife (1936). No ano seguinte, foi para o Rio de Janeiro com a mãe, já que o pai havia falecido, e naturalizou-se brasileiro. Casou (1940) com uma prima, Elisa, e foi c.ontratado pelo Instituto Experimental de Agricultura de Botucatu, SP (1941). Participou como médico da primeira expedição ao Roncador-Xingu, na Amazônia (1943-1951). Desde este primeiro contato com os índios, encontrou sua vocação. Foi médico do Serviço de Proteção ao Índio (1951, 1963-1964) e do Serviço Nacional de Tuberculose (1952). Criou e dirigiu o Serviço de Unidades Sanitárias Aéreas (1956), que permitiu aos índios da selva amazônica ter acesso aos serviços de saúde pública. Nomeado (1968) membro do conselho diretor da Fundação Nacional do Índio, a Funai, e do conselho diretor da Fundação Brasil-Central, passou também a ser conselheiro científico da Fundação Universidade Federal do Mato Grosso (1972) e, infelizmente, morreu no ano seguinte. Coordenou vários cursos e seminários sobre sua especialidade no SNT e na Universidade de Brasília, além de pronunciar numerosas conferências em universidades nacionais e estrangeiras. Publicou cerca de cinqüenta trabalhos científicos, no Brasil e no exterior, na Revista do Serviço Nacional de Tuberculose, do Rio de Janeiro, Revista Paulista de Doenças Tropicais, de São Paulo, Tubercle, de Londres e Pan American Health Organization, da Organização Pan-Americana de Saúde, nos Estados Unidos. Por trinta anos atuando em áreas indígenas, criou e desenvolveu um trabalho de atendimento médico às populações indígenas e interioranas no Brasil – o SUSA, Serviço de Unidades Sanitárias Aéreas (1956-1973), participou com Darcy Ribeiro e os irmãos Villas Boas do grupo que veio a criar o primeiro parque indígena: o Parque Nacional do Xingu. Nesse período, filmou, com sua câmera 16mm, um total de 34 filmes, em preto e branco e em cores, com aproximadamente cinco horas de duração. Morreu em um hospital da cidade do Rio de Janeiro.