Imigração Ucraniana

Os ucranianos chegam ao Brasil no mesmo período das grandes imigrações européias no final do século XIX, após a abolição da escravatura. A duas primeiras grandes levas provindas da região da Galícia e Bukovina  ( parte ocidental da Ucrânia ), calculadas aproximadamente em mais de cinco mil famílias de agricultores chegam em 1895 e 1896. Entre 1897 a 1907 chegam mais de mil imigrantes. Após 1907 chegam novas levas. As razões da imigração eram sociais e econômicas. Após 1917 e 1945 tivemos novas levas de imigrantes, agora por razões mais políticas, constituído por imigrantes operários e profissionais de varias categorias, militares, ex-prisioneiros de guerra e refugiados políticos.

Ivan Franko – Poeta Ucraniano.
Poema para o Brasil

…………..
Oh, transbordaste, desdita rutena,
Pela Europa, e além-oceanos!

Docas de Hamburgo – e em que ferrovias
Lágrimas tuas copiosas caíam! ?

Todos de ti arrancavam quinhões:
Nobres polonos e agentes teutões.

Inda no Mar – que te aguarda por lá?
Ou no Brasil, ou no tal Paraná?

Que paraíso se abre-te mais
No Espírito Santo ou em Minas Gerais?

 

 

 

POEMA EMIGRANTE

Helena Kolody -1912 – 2004
Filha dos imigrantes ucranianos Miguel Kolody e Victoria Szandrowska

Arfa no porto o mar.
Soluça dentro dalma do emigrante
o longo silvo do navio em despedida.
Treme, na lágrima do olhar
a paisagem da pátria.
O apelo fascinante do mar
acorda seu desejo de aventura,
o anseio de partir
em busca duma terra prometida.
Quem dilacera assim,
entre a saudade e a esperança,
o coração do emigrante?
É a vida…. é a vida…é a vida….
(Ontem Agora )

Estima-se que os descendentes de ucranianos alcançam a cifra aproximada de 500 mil descendentes no Brasil, dos quais 96,5 % já são nascidos no Brasil, 81 % vivem no do Estado do Paraná, e os demais no norte do Estado de Santa Catarina, Canoas e Porto Alegre no Rio Grande do Sul e São Caetano do Sul em São Paulo. Com a migração interna hoje os descendentes encontram-se presentes norte e oeste do Estado do Paraná e a partir dos anos 1970 migraram também para os Estados do Mato Grosso, Goiás, Tocantins e na Amazônia e aos grandes centros urbanos nacionais.

 

O testemunho pessoal de Ivan Pasevich, que em suas memórias – publicadas inicialmente no Jornal “Pracia” de Prudentópolis no dia 12/12/1951 – escreve que saiu da Ucrânia, da vila Serveriv, Município de Zolochiv, no mês de maio de 1891, junto com seus pais Teodoro e Sofia e mais três irmãos, e mais 3 famílias ucranianas., chegaram ao Brasil no dia 23 de Agosto de 1891 e depois se estabeleceram na Colônia Rio Claro, Município de Mallet, Paraná.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Versão traduzida para o Português: Registro de Ivan Pacevich

Está documentada também a chegada de outras 8 famílias, num total de 32 pessoas, que em 1891 se estabeleceram na Colônia Santa Bárbara, no Município de Palmeira-PR, vindas também de aldeias da Ucrânia ocidental, da região de Zolochiv: Trostanetch Malyi, Kotliv. Alguns cognomes desses emigrantes: Harasym, Borchakowskyi, Stecz, Paschitchnyi, Moskalevskyi.

Navio Meteoro que transportou muitos ucranianos do Rio de Janeiro à cidade de Paranaguá no final do século XIX.

Nos primeiros tempos se destacaram na agricultura, plantadores de trigo foram os primeiros a instalar no Paraná a pequena indústria moageira e deram início ao movimento cooperativista, fundando 14 sociedades a partir de 1913. Conseguiram ascensão social e econômica e se destacaram em vários domínios.

 

 

 

 

 

Relata o Pe. Waldomiro Burko em 1963: ” Já no ano de 1922, segundo dados colhidos naquela épóca, o total de fazendas pertencentes aos imigrantes ucranianos era de 7.500, abrangendo cerca de 350.000 hectares de terra. O rebanho era constituido de 10.300 cabeças de cavalos, 8.469 de gado vacum e 130.000 suínos – avaliados, então, em 65.150 contos de réis, isto, é aproximadamente, 16 milhões de dólares, ao câmbio da época. A produção anual das fazendas ultrapassava a quantia de 26 mil contos de réis. Enquanto isso, o capital dos negociantes e industriais ucranianos, naquele tempo, atingia apenas a órbita de 2.000 contos de réis. Plantadores tradicionais de trigo, foram os imigrantes da Ucrânia os primeiros a instalar no Paraná a pequena indústria moageira, dando começo também ao movimento coopertivista, hoje em dia muito expandido no Brasil, desde que se apercebeu a sua utilidade. Demonstração cabal do impulso à triticultura dado pelos imigrantes ucranianos é o fato de que o Estado do Paraná, com um milhão e 500 agricultores e com 5.500 toneladas de trigo  colhidas anualmente, entra com 60% de toda a produção nacional. Daquele total, só o Município de Prudentópolis, com 25 mil agricultores, 80% dos quais ucranianos, produz mais de 378 toneladas.”

Os ucranianos desde logo fundaram organizações educacionais e de cultura, já em 1913 eram mais de 32 entidades organizadas. Até hoje perduram sociedades culturais, educacionais e religiosas. Atualmente 264 igrejas que com suas cúpulas e ícones bizantinos marcam a paisagem urbana e rural do sul do Brasil, varias delas já tombadas pelo patrimônio histórico e cultural.

 

No passado realizavam-se congressos da socedade dos cossacos e hoje existe uma uma guarda religiosa cossaca em Prudentópolis.

 

 

 

 

Dois jornais são centenários: Trabalho e o Lavrador

.

 

 

 

 

A Igreja Ucraniana Católica no Brasil é a maior organização comunitária de cunho religioso e cultural entre os ucranianos no Brasil. Está presente aqui, junto aos ucranianos e seus descendentes, desde 1896. Atualmente a sua hierarquia é composta pelo bispo Eparca e 2 bispos auxiliares. Sua estrutura é composta de 25 paróquias, 236 igrejas, com 21 padres diocesanos e 62 padres da Ordem de São Basílio Magno atuando no Brasil e 13 no exterior. Convém ressaltar a presença de um bispo emérito, bem como de outro, que hoje atua no exterior. A destacar também há 5 congregações religiosas femininas: Servas de Maria Imaculada – com 100 anos de atividade em 2011, Irmãs Catequistas de Sant’Ana (congregação fundada no Brasil, em Vera Guarani, Município de Paulo Frontin-PR), Irmãs Basilianas, Irmãs de São José e Instituto Secular do Sagrado Coração (fundado no Brasil, em Prudentópolis-PR). Essas instituições possuem centenas de membros, atuando na pastoral junto às Igrejas (atendendo crianças, jovens e adultos em sua formação religiosa e cultural), bem como em escolas, particulares e públicas, como também na direção de hospitais, centros de saúde, orfanatos e casas de apoio aos idosos.

 

A Igreja Ortodoxa Ucraniana no Brasil, sob a jurisdição do Patriarcado Ecumênico de Constantinopla, tem 1 arcebispo, 2 protopresbíteros mitrados e 8 padres, 4 subdiáconos, 18 igrejas e 2 padres atuando fora do Brasil.

 

 

 

Atualmente existem no Brasil vinte e quatro grupos folclóricos ucranianos organizados e mantidos pela comunidade: Barvinok, Vesselka, Poltava, Kalena ( União da Vitória), Ivano Kupalo, Verkovena, Zoriá, Sonhachnek, Volênia, Spomen, Kiev, Solovey, Dibrova, Svitanok. Odessa, Blavat, Tchoven, Vesna ( Mafra ), Stchastia, Dunay, Kalena ( Apuracana), Vesná ( Roncador ), Soloveiko e Grupo Folclórico Paulo Frontin. O Grupo Folclórico Barvinok completa 81 anos de existência ininterrupta. O XVIII Festival Nacional de Danças Ucranianas realizar-se-á no ano de 2011 em 5 de novembro na cidade de Cascavel. .

 

Há associações de artesãos de pessankas ( ovos pintados ) e de bordados típicos ucranianos. A pêssanka e os bordados hoje já são consagrados como artesanato típico no sul do país e além da manutenção das tradições são fonte de renda.

Há dois museus: um em Prudentópolis, Paraná, denominado Museu do Milênio e outro em Curitiba junto à Sociedade Ucraniana do Brasil – SUBRAS. Em Curitiba localiza-se o Memorial Ucraniano.

Memorial Ucraniano de Curitiba. Embaixador do Brasil na Ucrânia Antonio Fernando Cruz de Mello visita o Museu do Milênio em Prudentópolis.
Embaixador da Ucrânia no Brasil Ihor Hrushko visita o Museu da Sociedade dos Amigos da Cultura Ucrânia – SUBRAS em Curitiba.

Atualmente os ucranianos exercem todos os tipos de profissões e atividades. Há empresários, agricultores e comerciantes. Possuem participação na política e exercem cargos públicos. No Estado do Paraná em qualquer situação política há sempre um descendente exercendo cargo elevado. Há uma nova geração de médicos, engenheiros, advogados, professores e outras formações.

É grande o número de personalidades brasileiras destacadas que nasceram na Ucrânia ou são descendentes de Ucranianos. Entre outros nasceram na Ucrânia a grande escritora brasileira Clarice Lispector, o arquiteto Gregori Warchavchik iniciador da arquitetura modernista brasileira e a Poetisa e Escritora Wira Wowk Selianki.

Descendem de Ucranianos os paranaenses pintor Miguel Bakun, a poetisa Helena Kolody a dramaturga e atriz Denise Stoklos.

 

O Brasil é um país de multiétnico e multicultural. Atual constituição do Brasil de 1988 estabelece que constitui patrimônio cultural brasileiro o conjunto dos bens materiais e imateriais portadores de referência aos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira. E a comunidade ucraniana no Brasil, atualmente estimada em 500.000 é um desses grupos formadores da nação brasileira. Uma das características do Brasil é que não somente um reconhece a identidade do outro, mas intercambia.

Monumento Taras Chevtchenko em Prudentópolis. Foto: Embaixador da Ucrânia no Brasil Ihor Hrushko e o Presidente da Representação Central Ucraniano Brasileira com lideres da comunidade ucraniana.

DIA 24 DE AGOSTO É O DIA NACIONAL DA COMUNIDADE UCRANIANA NO BRASIL POR LEI.

Lei nº  12.209, de 19 de Janeiro de 2010.

Institui o dia 24 de agosto como o Dia Nacional da Comunidade Ucraniana, com fundamento no § 2o do art. 215 da Constituição Federal.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
Art. 1o É instituído o dia 24 de agosto como Dia Nacional da Comunidade Ucraniana, passando a integrar o calendário oficial da República Federativa do Brasil.
Art. 2o Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
Brasília, 19 de janeiro de 2010; 189o da Independência e 122o da República.
LUIZ INÁCIO LULA DA SILVARanufo Alfredo Manevy de Pereira Mendes